User:Giulia Mencarini Reinhardt/Sandbox 1
From Proteopedia
< User:Giulia Mencarini Reinhardt(Difference between revisions)
(8 intermediate revisions not shown.) | |||
Line 2: | Line 2: | ||
<StructureSection load='6M18' size='475' side='right' caption='Caption for this structure' scene=''> | <StructureSection load='6M18' size='475' side='right' caption='Caption for this structure' scene=''> | ||
- | + | A enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) é uma importante enzima do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA). Ela pode ser encontrada em diversos tecidos, seja ancorada à membrana celular (mACE2), como uma proteína transmembrana, ou em uma forma solúvel, chamada sACE2. | |
Outra função da enzima conversora de angiotensina 2 é servir como receptor para alguns vírus, incluindo o SARS-CoV-2, responsável pela pandemia de COVID-19 em 2020. Essa ligação ao receptor e a entrada na célula ocorrem pela ligação da subunidade S1 da proteína Spike (S) do vírus à ACE2. <ref>doi: 10.1007/s10096-020-04138-6</ref> | Outra função da enzima conversora de angiotensina 2 é servir como receptor para alguns vírus, incluindo o SARS-CoV-2, responsável pela pandemia de COVID-19 em 2020. Essa ligação ao receptor e a entrada na célula ocorrem pela ligação da subunidade S1 da proteína Spike (S) do vírus à ACE2. <ref>doi: 10.1007/s10096-020-04138-6</ref> | ||
Line 16: | Line 16: | ||
A ACE2 age na clivagem de um único resíduo C-terminal de alguns substratos, dentre eles em destaque a Angiotensin II (Ang II), degradando-a em Ang-(1-7) e em menor grau a Angiotensina I (Ang I), degradando-a em Ang-(1-9). | A ACE2 age na clivagem de um único resíduo C-terminal de alguns substratos, dentre eles em destaque a Angiotensin II (Ang II), degradando-a em Ang-(1-7) e em menor grau a Angiotensina I (Ang I), degradando-a em Ang-(1-9). | ||
+ | O Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona, na qual a ACE2 atua, é uma importante via de sinalização responsável pela homeostase vascular. Dependendo de qual receptor dessa via é ativado, diferentes efeitos vasculares ocorrem. Em geral, a Angiotensin II, gerada pela atuação da ACE na Angiotensin I, e esta pela ação da Renina no Angiotensinogênio, atua em receptores AT1 e AT2. Sua principal ação é a vasoconstrição, elevando a pressão arterial. Por outro lado, a Angiotensin (1-7), gerada a partir da Angiotensin II pela ACE2 apresenta função contrária, levando ao declínio da pressão arterial por meio da vasodilatação e liberação de NO, antagonizando ações da Ang II. | ||
+ | Esta proteína foi mais conhecida e divulgada nestes últimos anos devido à sua participação na infecção do SARS-CoV-2, vírus causador da doença da Covid-19. A proteína ACE2 age como receptor viral, no qual a proteína Spike (S) do vírus se liga e realiza a sua entrada na célula. A porção específica de ligação da proteína S com o receptor ACE2 é chamada de receptor-binding-domain (RBD). | ||
Line 30: | Line 32: | ||
=== Complexo ACE2-B0AT1 === | === Complexo ACE2-B0AT1 === | ||
==== Associação com B0AT1==== | ==== Associação com B0AT1==== | ||
- | A proteína ACE2 pode se associar ao transportador de aminoácido B0AT1, também conhecido como SLC6A19. Neste contexto, a ACE2 é um dímero, e, o complexo formado ACE2-B0AT1, é portanto composto por um dímero de heterodímeros. Esta associação é essencial para o tráfego de aminoácidos neutros em células intestinais. | + | A proteína ACE2 pode se associar ao transportador de aminoácido <scene name='10/1078774/B0at1_zoom2/1'>B0AT1</scene>, também conhecido como SLC6A19. Neste contexto, a ACE2 é um <scene name='10/1078774/Ace2_dimer/3'>DÍMERO</scene> <scene name='10/1078774/Ace2_dimer/1'>dímero</scene>, e, o complexo formado ACE2-B0AT1, é portanto composto por um <scene name='10/1078774/Ace2_dimer/2'>dímero de heterodímeros</scene>. Esta associação é essencial para o tráfego de aminoácidos neutros em células intestinais. |
- | Este complexo pode ser dividido em diferentes domínios: peptidase domain (PD), composto pelos resíduos 19 ao 615 e C-terminal collectrin-like domain (CLD), composto pelos resíduos 616 a 768, que consiste em um pequeno domínio extracelular e a única hélice TM. Entre esta hélice TM e o PD há um ferredoxin-like domain. | + | Este complexo pode ser dividido em diferentes domínios: <scene name='10/1078774/Peptidase_domain/2'>peptidase domain (PD)</scene>, composto pelos resíduos 19 ao 615 e C-terminal collectrin-like domain (CLD), composto pelos resíduos 616 a 768, que consiste em um pequeno domínio extracelular e a única hélice TM. Entre esta hélice TM e o PD há um <scene name='10/1078774/Ferredoxin_fold/1'>ferredoxin-like domain</scene>. <scene name='10/1078774/Peptidase_and_cld_domain/1'>(DOIS DOMÍNIOS JUNTOS)</scene> |
A dimerização da ACE2 ocorre sem a B0AT1, e esta última apenas age como um “sanduíche”, interagindo com o domínio CLD. | A dimerização da ACE2 ocorre sem a B0AT1, e esta última apenas age como um “sanduíche”, interagindo com o domínio CLD. | ||
====Localização na membrana==== | ====Localização na membrana==== | ||
- | Este complexo ACE2-B0AT1 se encontra ancorado à membrana plasmática da célula, mantendo a proteína ACE2 em ambiente extracelular. A região em que se encontra intermembranar apresenta características apolares, uma vez que devem interagir com as caudas hidrofóbicas dos fosfolipídios. | + | Este complexo ACE2-B0AT1 se encontra ancorado à membrana plasmática da célula, mantendo a proteína ACE2 em ambiente extracelular. A região em que se encontra intermembranar apresenta características <scene name='10/1078774/Polaridade/1'>apolares</scene>, uma vez que devem interagir com as caudas hidrofóbicas dos fosfolipídios. |
Analisando-se a polaridade do complexo, percebe-se uma região apolar na região da B0AT1, evidenciando que é nesta região em que o complexo se encontra em contato com a membrana plasmática. As regiões polares (domínios CLD e PD da ACE2) se encontram na região externa, sem contato com a região apolar dos fosfolipídios. | Analisando-se a polaridade do complexo, percebe-se uma região apolar na região da B0AT1, evidenciando que é nesta região em que o complexo se encontra em contato com a membrana plasmática. As regiões polares (domínios CLD e PD da ACE2) se encontram na região externa, sem contato com a região apolar dos fosfolipídios. | ||
Line 41: | Line 43: | ||
A dimerização da proteína ACE2 ocorre independentemente da B0AT1 e apresenta interação do domínio CLD, com contribuição do domínio PD. | A dimerização da proteína ACE2 ocorre independentemente da B0AT1 e apresenta interação do domínio CLD, com contribuição do domínio PD. | ||
- | '''Domínio CLD''' | + | '''''Domínio CLD''''' |
Nesta região, há uma extensa rede de interações polares que estabiliza o dímero da ACE2. Os resíduos de aminoácidos que participam mais ativamente compreendem o intervalo 636 ao 658 e do 708 ao 717, correspondendo à segunda e à quarta hélice do domínio CLD, respectivamente. | Nesta região, há uma extensa rede de interações polares que estabiliza o dímero da ACE2. Os resíduos de aminoácidos que participam mais ativamente compreendem o intervalo 636 ao 658 e do 708 ao 717, correspondendo à segunda e à quarta hélice do domínio CLD, respectivamente. | ||
- | As interações polares, de caráter Cátion-π, ocorrem entre os aminoácidos Arg652 com Tyr641 da outra molécula de ACE2; e da Arg710 com Tyr633. | + | As interações polares, de caráter <scene name='10/1078774/Interacao_cation/1'>Cátion-π</scene>, ocorrem entre os aminoácidos Arg652 com Tyr641 da outra molécula de ACE2; e da Arg710 com Tyr633. |
- | Estão presentes também ligações de hidrogênio: Arg652 com Asn638, este com Gln653 e este com Asn636; Arg710 com Glu639 e, por fim, Arg716 com Ser709 e Asp713. | + | Estão presentes também <scene name='10/1078774/Lig_hidrogenio/1'>ligações de hidrogênio</scene>: Arg652 com Asn638, este com Gln653 e este com Asn636; Arg710 com Glu639 e, por fim, Arg716 com Ser709 e Asp713. |
- | '''Domínio PD''' | + | '''''Domínio PD''''' |
- | Essa estrutura é composta por um loop em uma das cadeias ACE2, no qual estão presentes os aminoácidos Cys133, Asn134, Asp136, Asn137, Gln139, Glu140 e Cys141. As duas cisteínas formam uma ligação dissulfeto que estabilizam o loop juntamente com interações polares intraloop. O Gln139 se liga ao Gln175 da outra cadeia ACE2 por interação polar. | + | Essa estrutura é composta por um <scene name='10/1078774/Lig_hidrogenio/2'>loop em uma das cadeias ACE2</scene>, no qual estão presentes os aminoácidos Cys133, Asn134, Asp136, Asn137, Gln139, Glu140 e Cys141. As duas cisteínas formam uma ligação dissulfeto que estabilizam o loop juntamente com interações polares intraloop. O Gln139 se liga ao Gln175 da outra cadeia ACE2 por interação polar. |
====Ligação com SARS-CoV-2==== | ====Ligação com SARS-CoV-2==== | ||
- | + | A ACE2 se liga à glicoproteína Spike (S) do vírus SARS-CoV-2, promovendo a sua internalização na célula. Mais especificamente, a ligação ocorre entre a subunidade PD da ACE2 e o receptor binding domain (RBD) da subunidade S1 da proteína S. Cada PD se liga a um RBD por ligações polares, sendo que um dímero de ACE2 acomoda dois trímeros da proteína S. | |
- | + | ||
- | + | ||
Current revision
ACE2 (angiotensin-converting enzyme 2)
|
References
- ↑ Beyerstedt S, Casaro EB, Rangel ÉB. COVID-19: angiotensin-converting enzyme 2 (ACE2) expression and tissue susceptibility to SARS-CoV-2 infection. Eur J Clin Microbiol Infect Dis. 2021 May;40(5):905-919. PMID:33389262 doi:10.1007/s10096-020-04138-6